terça-feira, 20 de julho de 2010

A carta e a fotografia

Estou aqui , impávida como se NADA fosse o que tenho dentro de mim . Hoje abri a caixa que há muito tempo tinha enterrado . Fui, devagar e cabisbaixa, até ao nosso sitío ( sim o NOSSO sítio, percebeste bem) . Ajoelhei-me , e parece que a terra tremeu mal sentiu os meus joelhos a latejar. Sujei a mão, meti-a na Terra e começei a remexer . A minha mão encontrou algo rigido e parece que a pontas dos meus dedos mal lhe tocaram sentiram que a conheciam - era a caixa . A caixa preto com a fita cor de rosa . Naquele momentos perdi as forças, tive uma sensação de deja vu e só queria ficar ali para smepre . Voltei á realidade, sacudi a caixa , desfiz aquele laço que no passado tinha feito com tanto amor. A caixa parecia saber o que eu queria , a tampa caiu e naquele preciso momento eu fiquei sem nada . Sem palvras e sem qualquer reacção . As lágrimas que estavam nos meus olhos ficaram presas, estavam a milésimos de segundos de cair , mas não, ficaram ali . Lá estavam todas aquelas cartas que te escrevi . Aquela em que eu te dizia que te amava , a que te dizia o quanto sentia a tua falta , a que dizia o quanto queria estar ao teu lado . E também aquela em que te contava o que sonhei numa noite fria. Esta sensação desapareceu, cai na realidade e finalmente as lágrimas cairam-me dos olhos, embateram na terra remexida e eu senti o estrondo que elas fizeram . fiquei então sentada no chão , olhar preso e braços caídos , na mão a carta e a fotografia . desta vez doía, nao doía só por doer , doía por nada , por aquele nada que é tanto . Continuas a fazer falta , e desta vez já não tenho medo em revelar-te tal coisa, já não tenho medo de dizer-te que me levas todas as forças e que todos os dias eu me desfaço a pensar em ti , afinal isto é tudo o que me resta .

segunda-feira, 12 de julho de 2010

debaixo da mesa

hoje (ô)
adv.1. No dia em que estamos; no tempo actual!atual; actualmente!atualmente.
s. m.2. Dia ou tempo em que se está.
hoje em dia: actualmente!

E hoje , sim hoje , hoje apercebi-me de que já nao há mais dias , horas ou minutos, ja nem sequer segundos há . Cortaram-me a garganta e a minha respiração foi-se, em certo ponto até foi agradavél. Sentiste o meu ultimo suspiro ? Se nao sentiste juro que ias gostar , foi com tanta força , tanta vontade que era capaz de te derrubar . Quando o meu coração estava a dar as ultimas olhaste-me nos olhos e sabes o que me apeteceu dizer-te ? "NAO TE PERDOO" . Nao te perdoo todas as horas que me fizeste estar a tua espera, nem todas as vezes que me fizeste perder a cabeça de raiva. Nao te perdoo todas as vezes que me deixaste tentar sabendo que ia sair derrotada. Nao te perdoo todos os dias que me deixaste ficar encostada aquela almofada . Mas o que nao te perdoo é o facto de me teres deixado fechar os olhos. Sabes onde estou agora ? Estou debaixo da mesa , e vejo-te todos os dias . Vejo-te todos os dias a contares os teus dias , como se nao tivessem nada, como se fossem apenas isso , numeros . Juro que me dá uma enorme vontade de te tocar e puxar as pernas cada vez que te sentas , mas nao posso . Fico apenas ali , a voar por entre lugares, momentos, quem sabe ate entre planetas, olhar entre os dedos e entre corpos disfarçados . E agora . . . Foi o meu ultimo suspiro , os meus olhos estão a brilhar mas daqui a uns segundos já nao os verás, asério, está na hora .